13 setembro 2008

Na frente do espelho

Uma das poucas coisas que eu tenho certeza nessa vida, é que tudo que eu aprendi até agora não quer dizer absolutamente nada. Mas confesso que me esqueço disso mais vezes do que gostaria.

Mais uma vez fui colocado diante do espelho, e confirmei novamente um fato que enfatizo com freqüência. Se tornar a pessoa que queremos ser e perceber a sutil, e ao mesmo tempo contrastante diferença, entre o que somos, o que achamos que somos, e o que aparentamos ser, é bem mais difícil do que parece.

Reconheço que tenho muitas limitações, e tenho que admitir que ser colocado diante do espelho por uma pessoa com bem mais limitações que você, é bem desconfortável, e o mais triste de tudo, é que não deveria ser. Acontece que muitas vezes nós mentimos para nós mesmos sobre os nossos princípios, até que em algum momento somos imprensados contra a parede, e forçados a ver o que estamos sendo de verdade, que tipo de princípios está por trás de cada atitude. Tenho que reconhecer que momentos como esses não são nada fáceis, exige a quebra de vários paradigmas e redes neurais de longo prazo.

Mas a partir daí temos apenas duas escolhas: Ou nos encaramos, quebramos os velhos paradigmas, deixamos para trás as ancoras do passado, que só servem para nos atrasar, tornando a nossa escalada mais dura, cansativa, e transformamos o nosso presente. Ou fugimos de nós mesmos, nos escondendo covardemente atrás de desculpas que inventamos para justificar o que for mais conveniente no momento.

Freqüentemente somos muito tolerantes com nós mesmos, não temos coragem de encarar os nossos verdadeiros princípios, que muitas vezes ficam dentro de nós, no nosso subconsciente, conduzindo pequenas atitudes diárias, sem que nem percebamos que existam e façam parte do nosso verdadeiro ser. Um dos nossos maiores desafios é aproximar mais a distancia do abismo que existe entre o nosso discurso e as nossas atitudes, e encarar os nossos verdadeiros princípios.

O que conduz as minhas atitudes diárias? Baseado em que eu faço escolhas e tomo decisões? E principalmente, o que me dá o direito de julgar uma pessoa melhor do que outra? Ou me julgar como sendo melhor do que outra pessoa? Assim como todas as outras pessoas, tudo que eu sou é produto do meu passado, O que eu sou hoje nada mais é do que o resultado das minhas experiências.

Nossas experiências influenciam naquilo que nos tornamos, mas não podemos deixar nosso passado nos podar. Diferenças, limitações, e personalidades ou visões diferentes – sejam elas intelectuais, sociais, ou culturais - não torna uma pessoa mais importante do que outra. Apenas diferentes. Como diria Drummond “Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar”.

Temos que aprender que somos seres humanos em constante transformação, não existe o eu antigo ou o eu novo. Sempre estamos em transformação. Como disse o grande Sócrates: “Tudo que sei é que nada sei”. Pena que tão poucas pessoas consigam entender de verdade o que querem dizer essas palavras.

5 comentários:

Anônimo disse...

Ai ai Thiago xD

A medida que vamos conhecendo as pessoas, como elas são, entedemos sua forma de ver o mundo em determinadas situações, quando nos colocamos em seu lugar.

Você sabe que você é um exemplo disso.

Não sei se foi o assunto, mas ontem o dia valeu por todos os outros desde que nós conversamos pela primeira vez na internet... Não sei te explicar... Só que achei você bem solto para falar sobre tudo e de você mesmo, rsrs.

Chega até a ser engraçado ler seu texto, foi exatamente o que se passou pela internet ontem a tarde, só que era através de exemplos. Seu texto está sendo tipo uma "teoria"... Heheh!

Beijoo.

Tiago Paiva disse...

Adorei o comentário Lara: "A medida que vamos conhecendo as pessoas, como elas são, entedemos sua forma de ver o mundo em determinadas situações, quando nos colocamos em seu lugar"

Já tentou fazer isso com vc mesma? Você vai se surpreender.

há.. por incrível que pareça, eu tinha escrevido o texto antes da nossa conversa. Hehehe. Mas confesso que melhorei algumas partes depois de ter falado com você, como a citação do Drummond por exemplo.
Beijo Lara, agente se fala.

Anônimo disse...

Caro TJ.


Primeiramente, venho agradecer a tua visita. E não deve se desculpar, pois o meu blog é para isso mesmo: Para quem quiser ler!

E antes de fazer um comentário sobre esse seu post (eu gostei dele), vou fazer algumas observações, sobre o que você me escreveu.

Exato, se formos afunilar a situação, chegaremos a conclusão lógica que não existe ser humano igual. Nenhum! Mas, eu digo que é falacioso essa premissa, pois no geral (e eu disse no geral) a maioria dos seres humanos se parecem (tem uma lógica parecida, quando não exatamente igual)... Então, alguns se sobressaem e são diferentes (a esses eu chamo de não-humanos).

Vou exemplificar essa teoria: Observe como a maioria das pessoas, principalmente a sociedade brasileira, encara o mundo. Para ser feliz, deve-se ter uma família (um grande amor e filhos), uma casa e amigos para a cervejada de domingo. As pessoas não saem muito disso, quando saem só mudam o dia da cervejada.

Sim, o exemplo é tosquissimo, mas ilustra um pouco o que quero dizer com igualdade de seres humanos.

Ahh, e a questão do “ser foda”, confesso, girou mais na esfera do pedantismo-megalomaníaco do que o que eu realmente queria que girasse. Acredite, não me acho “o fodão”, e aquela frase é mais para ser lida nas entrelinhas. ;)

Mas enfim, adorei o teu comentário (sério).


SOBRE O TEU POST:


Agora vamos à parte que mais lhe interesse.

Sim, há uma constante mudança no mais intrínseco âmago de cada um, concordo. Mas você há de concordar que algumas mudanças se dão mais rápidas em algumas pessoas, e em outras não. E, ouso dizer que mesmo com uma via toda, algumas pessoas mudam tão pouco que é quase imperceptível a mudança.

Digo isso com total segurança, pois conheço muitos exemplos disso (ocorre principalmente com pessoas de menos instrução).

Em relação a “ser melhor que alguém”. Isso é uma questão filosófica pertinente. Pois, certo, todos tem a capacidade de adquirir um conhecimento brutal, mas muitos não conseguem por falta de oportunidade ou preguiça. Seria licito julgá-los como inferiores? A resposta típica seria não, mas eu julgo que depende de algumas situações.


E, sinceramente, lendo o seu post, eu caí numa nuvem num abismo de lembranças. Nossa, isso já ocorreu tantas vezes comigo, e ainda ocorre. Mas, sempre quando há mudanças muito grandes comigo, sempre o período de mudança é brutal, e eu sofro muito. Sério, são sempre momentos ruins da minha vida - E o que á de bom na vida? - aí a mudança tem um impulsionamento maior – geralmente niilista.

Sei que minha visão de mundo é caótica, mas como diria um fisicosinho aí: “Tudo é relativo”.

Aliás, depois da relatividade de Einstein, parece que o mundo inteiro é relativo. E como bem disse Richard Dawkins “Esses filósofos amadores, com sua ‘relatividade constante’, me irrita profundamente”. Achei muito engraçado quando li isso. xD

Mas enfim. Despeço-me por aqui, pois já escrevi de mais.


Até mais.

Tiago Paiva disse...

Olha Paulo, muito interesantes suas colocações. Realmente, concordo que em algumas situações alguns papeis que exercemos são mais importantes que outros.
E quanto a mudanças, realmente não são todos que conseguem se dedicar a mudar rapidamente.Mudar seus conceitos significa quebrar redes neurais de longo prazo e estabelecer outras conexões na sua mente, e esse processo é bem doloroso, poucas pessoas se dispõem a passar por isso, e vivem fugindo das lições que a vida coloca na nosso frente. Por isso que como disse algumas pessoas acabam passando uma vida inteira e n/ào mudam quase nada.

Eu acho triste uma pessoa se condenar a ser a mesma pelo resto da vida. Se limitando a ser apenas o produto das suas experiencias. Carregando ancoras, e encarando todos os nossos desafios de forma inadequada, sempre com a visão engessada do passado.
Mas o mundo é assim, não são todos que se dedicam a desenvolvimento intelectual.
Valeu pelo comentário Paulo.

Anônimo disse...

Há amigos que nos ensinam muito, nos fazem enxergar situações que às vezes não percebemos o seu real sentido,
compartilham a sua experiência conosco, nos falam usando da verdade que buscamos encontrar.
São eles também que nos chamam a razão, chamando a nossa atenção quando agimos de modo contraditório, que nos dizem coisas que não queremos ouvir, aceitar, compreender.


Adoro você amigo e seu blog como já havia dito está maravilhoso!
Continue assim você vai longe.

Rose